terça-feira, 10 de maio de 2011

A CAPITAL - Por: Markão Aborígine



A capital


Políticos, médicos, arquitetos, burgueses, engenheiros
Confortavelmente conhecidos como pioneiros

Nós? Pedreiros, serventes, pau de arara, mãos calejando
Expulsos do centro, discriminadamente chamados de candangos

A eles há o verde, arborização, local para esporte diversão
O nosso verde, há muito tempo utilizado por eles, como lixão

Possuem praças, jardins
Irrigados com a mesma água que falta por aqui

Três meninas tomba, Noroeste ergue-se
Cerrado ao chão, Condomínio prevalece
Destinação de equipamento público, por lei modificada
Para construção de Shopping na área pelo parlamentar comprada

Fauna e flora extintas
Menos os animais selvagens da nova câmara legislativa

Lá na capital, eles têm o lago Paranoá para elevar a umidade do ar, facilitando a respiração

Lá na Estrutural, nós temos um lago de churume que sempre que chove, transborda e invade a casa da população

Quão bom é possuir plano de saúde convênio
Para que nossas crianças não nasçam em corredores ou morram nos banheiros
É a falta de leito e higiene misturados a placenta
A capital grita de dor, pede socorro, mas não agüenta

Aqui o natal não tem chester, ceia, e sim um misto de tristeza e fome
E lá na capital governador distribui panetones

Uma Brasília ora pedindo ajuda, proteção
Uma outra ora agradecendo o cifrão, o enriquecimento, a corrupção

A capital é um filme no cinema
A capital é um filme no cinema

De um lado final feliz, de outro trágico
Eles tem pontos turísticos e aqui pontos de tráfico

Comum entre as Brasílias
Porém eles possuem dinheira pra pagar a clinica
De recuperação aos seus dependentes e pra gente
Não há clinica de recuperação pra crianças viciadas, somente:
rua, redução da maioridade penal, prisão: correntes

Eu sigo amando através de minha música, de meus poemas
Construindo para a capital Outros 50.

 Por: Markão Aborígine


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