Destaque

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Entrevista coletiva:

O CRACK, POR NÓS.



Problema social, de saúde? Chaga, mazela, armadilha criada para a disseminação dos mais fracos? 

Apresentamos a entrevista coletiva sobre o crack, respondida por alguns grupos, artistas e personalidades influentes do rap nacional. 

Nós como cidadãos, preocupados com o uso abusivo e problemático de drogas e consequentemente preocupados com os problemas associados às políticas públicas no enfrentamento do uso de drogas, devemos também participar de discussões e disseminação dessa questão que está diretamente ligada ao nosso dia a dia.

 Por: Looh.




Sabe-se que existem usuários de crack de diferentes classes sociais. Mas é certo que a população miserável só pode comprar o crack, devido à vunerabilidade social dessa classe? Crack, pobreza e população em situação de rua são situações que se misturam e contribuem para o uso da droga?

- ICA (Instituto Caminho das Artes): O poder destrutivo desta droga é superior ao da maioria das substâncias ilícitas, devido ao seu fácil acesso, alta letalidade e precocidade do primeiro uso, atingindo atualmente todas as camadas sociais, tornando um dos mais preocupantes problemas de saúde pública no mundo. Contudo, devido o seu poder altamente viciante, estimulados pelo baixo custo, o crack tem um mercado cativo nas áreas periféricas dos grandes centros urbanos.

- Chamas (Voz sem Medo): Não. A resposta já está no próprio enunciado: o uso desta droga independe da situação de vulnerabilidade social.  Infelizmente, os mais carentes - nossas crianças, jovens e adultos - são potencialmente vítimas mais frágeis dentro do processo de drogatização. Porém, eles não são vítimas apenas do Crack. É importante que se diga que existe uma infinidade de drogas de baixa qualidade e preço reduzido, expostas à população “miserável” que vive nas ruas. Drogas que vão desde a cola de sapateiro à cachaça. Não quero fugir do foco que é o Crack, porém, advirto que o mesmo não é o único entorpecente barato e de fácil acesso a comunidade carente, seja aqui ou em qualquer parte do Brasil. Para concluir, não resta a menor dúvida que a exposição diária à situação de abandono nas ruas, potencializa o uso do Crack. Infelizmente, a droga da “moda”!

- Markão Aborígine: É interessante, primeiramente, analisarmos o contexto social que produz situação de rua e pobreza. A conjuntura brasileira de violação de direitos, que não oportuniza às famílias o cuidado à saúde mental e/ou acesso à educação e trabalho, alicerçada pela elite, é a principal causadora. Cito isto, pois, atuando com famílias nesta situação identificamos estes aspectos como principais condutores à situação de rua e drogadição. Ao aprofundarmos o tema vimos que o berço do consumo de crack praticado por uma criança está numa mãe alcoólatra que não teve acompanhamento à sua saúde mental, ou seja, não lhe foi oportunizado o tratamento adequado, pois não há CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) suficientes no país, além do que, o contexto machista e sexista brasileiro fez desta, uma mãe solteira e expulsa de casa pelo pai, sem acesso à Pensão Alimentícia e creche para que possa trabalhar e sair para sustentar sua família. Nossas crianças ficam sozinhas em casa, assim como as crianças ricas crescem sem a presença dos pais, porém, nossas mães cuidam dos filhos deles. Aqui as crianças não usufruem de atividades esportivas e educativas em contraturno escolar, como já citado, não há creches, não há acesso à cultura através de teatro e cinema, somente acesso à cultura individualista e consumista pregada pela televisão. Tal situação de risco e vulnerabilidade social, assim como a situação de rua, viabilizam a aproximação e logo o consumo de álcool, tabaco e outras drogas. O consumo das drogas atinge diferentes classes sociais, mas enriquece apenas uma, a mesma que possui acesso às clínicas de tratamento e a informação.

- Jéssica Balbino: Acredito que isso influi, mas não são somente estes fatores. O tráfico é politizado e predatório. Há influências grandes e muito poderosas, políticas e fortes, que injetam dinheiro e esforços para que o tráfico seja cada vez mais sedutor e a consequência disso, são cada vez mais famílias desestruturadas, miséria e pessoas cada vez mais novas ingressando no universo das drogas. É como um ciclo, em que os poderosos contribuem para a ignorância da população e, por conseguinte, para o aumento do uso. Em minha opinião, um excelente caminho para este combate atuaria em duas frentes: erradicação da fome e da ignorância, ou seja, pelo fortalecimento da educação.

- Japão (Viela 17): NÃO EXATAMENTE. A compra da substância vem de diferentes classes e está ligada mais diretamente com os problemas familiares (base). Hoje em dia as comunidades estão fortalecidas financeiramente em comparação com anos passados. SIM, o crack se tornou um refúgio para os usuários, sendo um fio condutor para “esquecer” problemas sérios e destruindo suas vidas.

- MC Ahoto: São várias as portas de acesso as drogas, mais não se pode negar que a pobreza é a porta principal para o uso do crack. É a felicidade instantânea oferecida por tão pouco.

- Daher (Guind´art 121): Pessoas de ruas são vítimas como todas outras que usam quaisquer tipos de drogas.




A situação da família é tão agressiva que é um alívio para a criança e o adolescente estar fora de casa?

- ICA (Instituto Caminho das Artes): Essa situação não é novidade para ninguém. Situações como estas, encontramos em diversas famílias do mundo, independente do seu estado social ou formação, em grande parte, o jovens em situação de vulnerabilidade social são tratados no universo familiar com o mesmo descaso que fora dele. A repressão já provou não ser eficiente em nenhuma circunstância. Desta feita, eu comungo com alguns estudiosos da matéria que as estratégias no combate a expansão do crack deve, mesmo dentro do berço familiar, antes de tudo estar interligadas a inclusão, reinserção e preservação da auto-estima do dependente.

- Chamas (Voz sem Medo): No caso das crianças e adolescentes que sofrem maus tratos constantes, sim. É melhor estarem nas ruas com os seus “iguais” irmãos sofredores, mesmo que numa situação de alto risco, do que ao lado de pais e mães violentos, passado em suas casas, toda sorte de agressões físicas, psicológicas e necessidades alimentares. Estes jovens, por conta da falta de estrutura familiar e pela omissão e má organização do Estado e da Sociedade Civil, que peca através dos órgãos e instituições nada competentes; não criando os meios para evitar tal problema. Há de se responsabilizar os culpados, quer seja a família, quer seja o próprio Estado, pela falta de ação e pelo não cumprimento da lei. A saber, o ECA e a própria Constituição.

- Markão Aborígine: Qualquer situação já é grave. Se o Crack e outras drogas fossem apenas de uso das periferias, possivelmente não haveria tal “repressão”, divulgação e “preocupação”. A falta de fiscalização nas fronteiras, sobretudo, a falta de combate a corrupção (leia-se desvio de recurso do SUS e SUAS e educação) são mais graves.
A omissão e estagnação do governo brasiliense e nacional são graves. Até então só foram discussões e pouca prática em relação ao combate ao crack, tratamento de dependentes e fortalecimento social, econômico e afetivo junto às famílias.

- Jéssica Balbino: Sem dúvida. E a situação se agrava cada vez mais. Crianças fora de casa, com o fácil acesso às drogas e a fuga que estas representam, constituem “famílias” cada vez mais cedo, no entanto, são também famílias desestruturadas e aí entra o ciclo que falei anteriormente.

- Japão (Viela 17): O crack faz com que o adolescente momentaneamente se esqueça dos problemas familiares, fazendo dos usuários um “esquecido” diante dos problemas.  As complicações maiores vem logo após o primeiro uso, mas a aproximação com o crack não é única exclusivamente por problemas familiares, existem vários fatores.

- MC Ahoto: São casos e casos, cada pessoa uma reação, cada casa uma reação. O fato de sair de casa é simplesmente o vicio pela droga e a família não ter acesso nenhum a como reagir a isso. São raríssimos os meios de informação que ensinam algo, de como se prevenir de casos assim, falta diálogo.

- Daher (Guind´art 121): Na cabeça do adolescente, os pais são agressivos sendo que na verdade querem preservar a sua integridade. Eles vão, mas sempre voltam.




Para o grupo/artista a situação do aumento do uso do crack na zona central do DF e em suas cidades já pode ser considerada grave?

- ICA (Instituto Caminho das Artes): Os números mais recentes divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que até 1,2% dos brasileiros sejam usuários do crack. Cerca de quase três milhões de pessoas estariam reféns desta droga no Brasil. O número oficial de viciados em crack no Distrito Federal ultrapassa essa marca com mais de 30 mil jovens, ultrapassando proporcionalmente a média dos outros estados. Segundo cálculos da ONU, o mercado de crack movimentou cerca de 100 bilhões de dólares somente em 2009.

- Chamas (Voz sem Medo): Nós do VOZ SEM MEDO e eu, Chamas, em particular, acompanhamos o crescimento do uso Crack no Brasil desde o início dos anos 90 . Antes, restrito aos grandes centros de São Paulo e Rio de Janeiro. Na virada do milênio o problema se alastrou! Nestes últimos 8, 10 anos, o Crack definitivamente ocupou, aqui no Distrito Federal, o lugar da merla como droga preferida das crianças, jovens e adultos. No centro de Brasília, de quatro anos para cá a situação passou a ser crítica.

- Markão Aborígine: Qualquer situação já é grave. Se o Crack e outras drogas fossem apenas de uso das periferias, possivelmente não haveria tal “repressão”, divulgação e “preocupação”. A falta de fiscalização nas fronteiras, sobretudo, a falta de combate à corrupção (leia-se desvio de recurso do SUS e SUAS e educação) são mais graves. A omissão e estagnação do governo brasiliense e nacional são graves. Até então só foram discussões e pouca prática em relação ao combate ao crack, tratamento de dependentes e fortalecimento social, econômico e afetivo junto às famílias.

- Japão (Viela 17): O uso do crack está em estágio avançado causando problemas a todos os centros urbanos e comunidades, a tal ponto de não somente ser um problema de saúde pública, mas uma epidemia em massa.

- Daher (Guind´art 121): Todos os grandes centros estão nas mesma situação. Claro que é grave pois se trata de vidas sendo perdidas.



Qual a opinião do grupo/artista, sobre as denúncias de supostas torturas, abusos psicológicos e sexuais cometidos por    PM´S do DF à usuários de crack da Zona Central de Brasília? Crianças e adolescentes supostamente espancados no “quartinho da tortura” na Rodoviária do Plano Piloto e amarradas pelas mãos e pés, sendo jogadas da Ponte JK?

- ICA (Instituto Caminho das Artes): O crack assusta e revela uma policia despreparada, não só em Brasília, mas em quase todos grandes centros urbanos do Mundo. Quanto aos fatos anunciados, acredito na discriminação, na intolerância, na truculência de parte de nossa força policial, mas a tortura é inaceitável. Precisamos fortalecer as policias estaduais para o enfrentamento do crack em nossa cidade.  Entretanto as estratégias de Segurança Pública no combate a expansão dessa droga deve antes de tudo estar interligadas em uma abordagem mais ampla, com foco no desafio social (inclusão social, reinserção e preservação da auto-estima do dependente) e, principalmente na saúde pública. Devemos ter em mente, que além do estigma que sofre da sociedade, o dependente químico ainda é alvo de descriminação, até mesmo familiar. Em primeiro lugar precisamos separar as figuras penais do traficante e do usuário. Sou a favor de que o tráfico de drogas seja considerado um crime hediondo, portando inafiançável e sem anistia. Com relação aos usuários sou contra a qualquer penalidade, mas sou completamente a favor da internação compulsória.

- Chamas (Voz sem Medo): A princípio, é bom que se diga que a violência e o abuso de poder por parte das autoridades policiais sempre existiu. Se ela não foi devidamente investigada e punida, foi por pura conveniência. O VOZ SEM MEDO, legítimo grupo de Rap Nacional, tem como filosofia lutar contra toda e qualquer forma de abuso físico, psicológico e sexual, principalmente, quando estes abusos envolvem crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade. Para nós, todos os envolvidos devem ser imediatamente afastados de suas funções. A investigação deve ser feita com isenção e lisura e transparência, acompanhada pelo Ministério Público e pela sociedade. Os julgados culpados civil e criminalmente, devem ser expulsos da corporação e presos.

- Markão Aborígine: Eu poderia citar que enquanto não houver um bom preparo da Polícia Militar estas situações vão se repetir, porém não cometerei tal erro, pois este é o dever dela: higienização social e controle popular. Não dá para esperar tratamento diferente enquanto não ocuparmos espaços nos Conselhos Comunitários de Segurança, por exemplo. Enquanto não conhecermos nossos direitos, não conseguiremos defende-los. Aí temos um papel chave – enquanto Hip Hop. Somos comunicadores e comunicadoras, devemos dialogar com os agentes de segurança e políticos, propor alternativas, e, sobretudo voltar à base: ser povo. Mas a respeito do ocorrido, é necessário que haja investigação e punição exemplar dos envolvidos e envolvidas. São denúncias gravíssimas que não podem ficar apenas nas gavetas da corregedoria.

- Japão (Viela 17): As ações policiais vêm não somente com os usuários de crack na zona central de Brasília, mas com todos jovens e adolescentes que circulam pelo centro com atitudes suspeitas. A policia Brasileira nunca se preparou para ações com usuários por meio de outros processos que não sejam a truculência e repressão.

- MC Ahoto: A policia não só no DF mas em todo lugar é sempre olhada com maus olhos, assim como existem bons médicos e maus médicos, bons advogados e maus advogados. As coisas não podem ser generalizadas, existem policiais e policiais, porém devem-se abrir os olhos para casos assim, como para todos os outros casos de má conduta do serviço prestado. A policia é treinada para criminosos, se encontram usuários viciados, muitas vezes não sabem agir. A policia não é preparada pra isso.

- Daher (Guind´art 121): Não estava sabendo destas coisas, mas se for verdade, é a cara da maioria desses policias, (covardes).





Qual a opinião do grupo/artista, sobre a história do médico Marcelo dos Santos Clemente, que largou a profissão para morar na cracolândia dedicando-se ao tratamento dos usuários de crack, e que subitamente morreu aos 27 anos?


- ICA (Instituto Caminho das Artes): Acredito que as dependências químicas em geral é antes de tudo uma doença, físicas e psíquicas, e esse atrelamento está fortemente associado às doenças como esquizofrenia, o transtorno afetivo bipolar até a ansiedade generalizada. Devido à alta letalidade do crack, considerado por alguns estrategistas militares como arma química, o uso prolongado pode levar o dependente à depressão, psicose maníaco – depressiva, pânico e comportamentos anti-sociais, com a perda gradativa do autocontrole, do poder de decidir e da força de vontade. Acredito que o Doutor Marcelo tenha sido vitima da falta de estrutura para lidar com esses enfermos que necessita de aparelhamento e de cuidados 24 horas por dia.

- Chamas (Voz sem Medo): Fiquei comovido. Principalmente pelo gesto altruísta deste homem impressionante! Este médico sim merecia todas as honras ao mérito que um cidadão possa receber do país ao qual pertence. O Doutor Marcelo não teve medo de se expor ao perigo do submundo das drogas e todas as suas consequências. Para mim ele é um HERÓI SOCIAL DO BRASIL! Cumpriu magnificamente o Juramento Médico daqueles que adentram a profissão: curou e salvou vidas!  E ainda serviu de exemplo!

- Markão Aborígine: O jovem Dr. Marcelo deixa uma mensagem importantíssima: a humanização do atendimento aos usuários crack. Seu envolvimento e doação à Cracolândia também são referencias a nós. Hoje criminalizamos e demonizamos aqueles que se encontram nestas condições. A história dele deve ser conhecida, debatida e sobretudo vivida!

Markão Aborígine
aboriginerap@gmail.com

- Jéssica Balbino: Admiro pessoas que fazem isso. Pena que são poucas. Ele doou a vida pela causa e isso é lindo. Se tivéssemos mais Marcelos no país, talvez a situação não fosse tão gritante.

- MC Ahoto: Algumas pessoas tem coragem de se desprender do ‘’mundo’’ para serem humanas de verdade. Mais um exemplo de herói.

- Daher (Guind´art 121): É um bom exemplo para nós todos sabermos que existem pessoas que abrem mão da própria vida para ajudar o próximo.




O Rap pode ser um instrumento   de conscientização, um alerta a esses jovens usuários ou em situação de miséria que são mais vulneráveis ao uso do crack?

- ICA (Instituto Caminho das Artes): O adolescente (12 a 18 anos) em situação de vulnerabilidade social (em situação de uso e/ou tráfico de drogas; com baixa escolaridade; baixo acesso ao mercado de trabalho; com atividade sexual precoce e de risco e exposto à violência doméstica e/ou urbana) tem sua auto-estima baixa e poucas chances de entrar no mercado de trabalho, já que é marginalizado pela sociedade. O que cria um círculo vicioso: em que o adolescente é seduzido ao uso das drogas porque não encontra respaldo do grupo social, e a sociedade o marginaliza cada vez mais porque este é levado pelas práticas criminosas.  Desta forma, qualquer ação que se dedique a resgatar o adolescente em risco deve considerar o seu alto grau de indignação e rebeldia, pois estes são constituintes do momento difícil em que este jovem vive.  Por sua vez, este grupo de risco social tem uma má relação com a escola formal, visto que a instituição de ensino tem uma hierarquia rígida e totalmente verticalizada; o que cria, na maioria das vezes, uma relação autoritária em relação aos estudantes. Assim, os adolescentes em risco social acabam tendo a imagem de que a escola é outra esfera opressora e de subordinação, onde este jovem não se sente seguro para expressar suas carências ou questões existenciais e, então, ele também a rejeita, demonstrando toda sua rebeldia com a comunidade escolar. O desafio é conseguir despertar a atenção e a confiança desses jovens, portanto a notoriedade e os discursos rítmico dos hip hoppers, somados a linguagem fácil de entender e as poesias rimadas e embaladas pelo ritmo envolvente, fazem da comunidade Hip Hop o melhor canal para dialogar com esse público no sentido de conscientizá-los a trilhar um caminho de socialização e de construção social, por eles falam de igual para igual.

- Markão Aborígine: Não só pode como tem que ser. Mas deixo claro que nada valerá lutarmos tão somente contra o crack se em nossas canções continuarmos citando o álcool e o cigarro, como padrão de alegria. Estes matam e viola muito mais que o crack. Precisamos, assim como qualquer tema, estudo e aprofundamento antes de falarmos ou cantarmos. A elite brasileira tem consciência que nos privando de acesso a informação nos manipulará e dominará sem esforços, cabe a nós lutarmos contra tal opressão.

- Jéssica Balbino: Acredito que sim, no entanto, o rap/hip-hop não podem ser os únicos responsáveis pelo resgate dos jovens usuários de crack e/ou outras drogas. É complicado pensarmos que um movimento cultural pode ser o bote salva-vidas disso tudo, mas sem dúvida, acredito na transformação pela arte, então, culturas como o hip-hop podem representar uma porta, uma bóia, algo em que o jovem pode acreditar e lutar, além da droga.

- Japão (Viela 17): Em tudo que se trata de comunidade, drogas, repressão e conscientização o RAP está inserido como fio condutor, levando críticas e em alguns casos, levando solução.

- Daher (Guind´art 121): Com certeza o rap é a ferramenta que tem mais eficácia junto as comunidades mais carentes, pois a maioria dos jovens periféricos ouve e entende a mensagens dos rappers.




O grupo/artista exerce alguma atividade ou projeto visando o combate ao crack?

- Markão Aborígine: Desde meados de 2005/2006 desenvolvo oficinas e palestras em escolas públicas no Distrito Federal e entorno, onde abordo o consumo de álcool e tabaco e a criminalização da juventude e periferia. Lançamos músicas, informativos e recentemente um vídeo de animação destinado a crianças, entitulado “Viúvo”. O mesmo será distribuído gratuitamente as escolas públicas de Samambaia. Além disto, desde dezembro de 2009 atuo como Conselheiro Tutelar na cidade Estrutural, onde atuamos diretamente com famílias, crianças e adolescentes em tal situação.

- Jéssica Balbino: Não necessariamente, embora eu seja uma pesquisadora do tema e atue em oficinas literárias e de hip-hop para crianças e jovens em situação de risco no CRAS da cidade onde vivo, Poços de Caldas – MG.

- Japão (Viela 17): Várias ações já estão sendo praticadas no DF. Temos o Hip Hop contra o Crack que a partir de maio sairá um pouco do palco para ações em escolas, presídios e grandes centros urbanos. O projeto tem a intenção de ser levado a vários estados Brasileiros ainda este ano. Informações no site www.japaoviela17.com.br ou www.raphours.com.br

- MC Ahoto: Estamos terminando de montar uma ONG que vai cuidar de crianças viciadas na praça do DI em Taguatinga-DF, além de oferecermos oficinas para as crianças daqui. Se cada um fizer um pouco, o mínimo, não vai se precisar do governo.

- Daher (Guind´art 121): Fazemos parte do projeto Hip Hop Contra o Crack que já esta sendo visto como o maior projeto dentro do movimento do país. É idealizado pelo ICA (Instituto Caminho das Artes).

- ICA (Instituto Caminho das Artes): A comunidade Hip Hop de Brasília, materializada nos grupos - Guind’art 121, Viela 17, Tropa de Elite, Cirurgia Moral, Tribo da Periferia, Atitude Feminina, Voz sem Medo, Pacificadores, Liberdade Condicional, entre outras,  preocupados com os índices de violência envolvendo jovens e adolescentes em todo o Distrito Federal, especialmente nas áreas periferia das cidades satélites, tem promovido um projeto intitulado de “HIP HOP CONTA O CRACK”, com o propósito da busca por novas alternativas de produção com o objetivo de movimentar e sensibilizar a sociedade para a problemática das drogas no Distrito Federal, envolvendo a comunidade Hip Hop como instrumento de comunicação para promover uma ação organizada de conscientização coletiva em favor de um pacto pela valorização da Vida, interferindo diretamente na transformação social dos jovens vitimados pelo uso das drogas, retirando das ruas, do tráfico, das gangues e da prostituição.

Os mais de 100 milhões de acessos que as músicas dos 16 grupos locais associados ao projeto “HIP HOP CONTRA O CRACK” somados têm postados na internet, pelo site do youtube, provam que o Movimento Hip Hop de Brasília é uma realidade além de nossas fronteiras. E como tal, se capacita como veículo formador de opinião para persuadir os jovens nesta luta contra a disseminação das drogas não só na Capital, mas de todo o Brasil.

Cumpre ressaltar que o referido projeto foi concebido em forma de um encontro de culturas urbanas (apresentações artísticas, palestras, oficinas de criação, encontros culturais, talkshows nas escolas públicas, compartilhamento de experiências e saraus) que está percorrendo todos os cantos do Distrito Federal, principalmente nas áreas de risco, com o compromisso em transformar manifestações culturais de rua em empreendimentos sociais que combatem à ociosidade, à inércia, à exclusão social e, sobretudo, a marginalização. Mas também que evite a estigmatização dos adolescentes e jovens envolvidos com o consumo do Crack, por meio da orientação a superação dessa realidade, inclusive nas escolas, pois a educação é uma das principais ações de prevenção do consumo entre crianças e adolescentes pela formação de uma cultura menos vulnerável ás drogas. Por meio da música, da dança, do grafite, dos DJs, e especialmente pelos discursos rítmicos de nossas poesias, o hip hop se transforma na voz da periferia e pode promover uma revolução que resgate a auto-estima desta parcela da população. Com isso, acreditamos que com o comprometimento dos rappers, neste ambiente fica mais fácil lutar na guerra contra todo tipo de violência urbana, em especial contra as drogas.


Mensagem aos jovens do DF e entorno, fãs, famílias e usuários de crack, de conscientização e motivação, para o não uso da droga.

- ICA (Instituto Caminho das Artes): A dependência química por estar também atrelada às doenças mentais, a estratégia de tratamento é definida caso a caso para cada enfermo, que deverá considerar o tempo de uso, a idade, o sexo, a formação e, inclusive a realidade econômica. Para cada caso deve haver um diagnostico especifico. Os médicos estimam ser necessário uns 12 meses de tratamento, que pode chegar, em alguns casos, até 3 anos.   Devido o seu poder altamente viciante, estimulados pelo baixo custo, e fácil acesso, as internações são imprescindíveis, mesmo que compulsoriamente, pois o usuário de crack sem o tratamento adequado é um risco para si mesmo e para a sociedade. A minha mensagem é para família e para os amigos, pois eles são fundamentais para que os dependentes se mantenham motivados e compromissados com o tratamento recebido. No entanto, às vezes o universo familiar dessa população pode ser disfuncional para recuperação do enfermo, neste caso é necessário o apoio psicológico. Então, em nome da preservação da vida do seu ente querido, interne-o, mesmo que ele não queira buscar a reconciliação com sua saúde. Tenha fé em Deus, e acredite, essa enfermidade está tendo um propósito à vida dele.

- Markão Aborígine: Assim como nos palcos proponho que combatamos a omissão e negligência tão presente em nós; peço a você que está lendo está matéria, que conhecendo criança ou adolescente em situação de drogadição procure um Conselho Tutelar em sua cidade, um CRAS ou CREAS. Indique a família aos AA – Alcoólicos Anônimos e NA – Narcóticos Anônimos. Estes espaços orientam as famílias e comunidade como lidar com a situação. “Quantas, quantos? Que nesta noite adentraram seus lares e ao invés de trazer alegria, fartura, bênçãos, trarão somente a tristeza, pranto, sofrimento. Quantas, quantos? Nesta noite serão encontrados aos pedaços dentro carros devido o acidente provocado pela embriaguez Quantos nesta noite provarão o álcool pela primeira vez?” Pretérito Imperfeito

Fica ainda o convite a nos assumirmos como livres. NÃO PRECISAMOS DE TRAGOS E DOSES, ESTES NÃO TRAZEM ALEGRIAS, APENAS ALGEMAS. Estou cansado de ver amigos de infância morrendo de overdose, outros morrendo após acidente de trânsito devido a embriaguez. Chega! Temos exemplos suficientes para nos distanciarmos, não basta?


- Jéssica Balbino: Sou uma otimista e discutir o problema já é um avanço. Ainda não é necessariamente o que precisamos, mas é um avanço, sem dúvidas. Como já disse, acredito na transformação pela arte, pela educação, pela informação e pela erradicação da fome. Sonhar é preciso e ter mecanismos para realizar estes sonhos, ainda mais. Portanto, parabéns para iniciativas como o “Hip-Hop contra o crack” e revistas como esta. Estamos juntos nessa luta para remover as “pedras” do caminho. Obrigada, Jéssica Balbino, jornalista e escritora.




- Japão (Viela 17): Dizer “diga não as drogas” não resolverá nada, então a mensagem é somente: VIVA ENQUANTO HÁ TEMPO E DESVIE DO ZAGUEIRO!
http://japaoviela17.com.br/2012/03/musica-tema-do-projeto-hip-hop-contra-o.html

- MC Ahoto: União e nunca desacreditar. O poço nunca é tão fundo que alguém não possa te ajudar a voltar à superfície!

- Daher (Guind´art 121): Pedir para os pais trabalham fora, que não podem acompanhar os filhos ao dia, que conversem muito com eles orientando que o crack leva à morte, e que estes, escutem seus pais.
















ENTREVISTA COM:
Markynhos da Smurphies Disco Club

19/01/2011

Entrevista - DJ Markynhos da Smurphies Disco Club
Enviado pelos colaboradores do blog DurapDF 

Confiram a entrevista enviada em Dezembro/2010. Vale a pena se interar sobre a história da Smurphies Disco Club, pioneira em bailes de rap no DF e entorno.



Markinhos DJ:
   

A SmurphieS existe a mais ou menos 22 anos. Tudo começou em 1986 se não me engano, foi num baile que teve no Minas Brasília Tênis Club, era a primeira vez que eu ia num baile com a Furacão 2000 e mais uma equipe de Brasília que não me lembro bem o nome, pois naquela época eu curtia as músicas ,ouvia falar nos bailes mas infelizmente não freqüentava muito. Vez ou outra ia no Primavera ver a Sarro ou no Quarentão ver a Power, e por ai vai. Mas ver a Furacão 2000 foi amor à primeira vista, mas nunca imaginei que poderia chegar aonde cheguei. Só mesmo DEUS pra te fazer vencedor.

No começo foi muito complicado pois como não se tinha grana o suficiente pra comprar uma aparelhagem boa, fazíamos festas em casas mais por diversão do que por profissão, mas aiÍas lembranças do Baile da Furacão não saíam da cabeça, vieram mais alguns bailes e lá estava eu conhecendo e enchendo o saco dos técnicos e tal, pra saber como se liga isso ou aquilo, o porquê disso e o porquê daquilo. 

As vezes ajudava a montar e desmontar o som só pra apreender alguma coisa a mais, depois fui trabalhar numa empresa de som nos finais de semana de graça só pra aprender mais e mais, era muito puxado pois trabalhava durante a semana e estudava à noite, e ainda tinha que ajudar meu MAIOR GUERREIRO, MEU PAI , a criar meus outros 11 irmãos.Não era mole não, mas com força de vontade e muita FÉ EM DEUS consegui vencer.
 
O DJ Markynhos é de qual cidade?

Sou de Brasília mesmo com muito orgulho. Sou da antiga invasão vila do IAPI que mais tarde se tornaria a Ceilândia, onde moro até hoje com muito orgulho.


Fale sobre o site e a rádio da Smurphies Disco Club
Bem o site www.smurphies.com é o site onde você fica por dentro de tudo da SmurphieS. Na rádio você curte dois programas: O melhor da SmurphieS e o Flash Back SmurphieS. Antes tínhamos o 100% Hip-Hop que por sinal eu adorava, mas fazer 4 horas de programa todos os dias fica muito difícil. Mas devo voltar com esse programa,  farei o possível pra que isso aconteça.

Quais os trabalhos da equipe que mais fizeram sucesso por todos esses anos?

Graças a DEUS acho que temos bom trabalhos tanto em Bailes como com gravadora, pois tive a sorte de gravar grupos como Realidade Atual, Tropa de Elite, Liberdade Condicional e outros. Na época, mesmo independente e com poucos recursos, conseguimos que os mesmos fossem sucesso, e são ate hoje. Nos bailes são muitos Tipo o Furia Funk, o Mix Mania100, o Top Dance que uma vez por mês lotava a Tropical deixando gente de fora, pois não cabia mais ninguém. Foram vários shows do Racionais em parceira com Wagner Tavares, que DEUS o tenha, e vários outros shows, tais como, Realidade Cruel, Ndee Naldinho, Consciência X Atual, Furacão 2000 e outros. Hoje em dia temos uma parceria muito forte com o Facção Central, onde posso destacar o respeito e a consideração que temos um pelo o outro.  Mas acho que hoje o meu maior e melhor baile do ano é o Aniversário da SmurphieS. 


Qual a sua opinião sobre a cena atual do rap de Brasília?

Bem, temos muitos grupos bons e muitos chegando aí, mas também têm muitos que se preocupam mais com o trabalho dos outros do que com o deles, e isso acaba prejudicando o próprio movimento Rap. Sei o que vivemos e já chega de ficar falando só de armas, mortes, drogas e tal, se vamos falar do que vivemos vamos falar também das coisas boas, pois temos isso também na periferia. Ou então se for falar, fale de maneira que não vá arrumar mais confusão, entende!?
Respeito o trabalho de todos, sei que têm muita gente séria fazendo muita coisa por aií mas infelizmente encontramos pessoas que só fazem pra se dar bem e aparecer na mídia. O Governo também tem que prestar mais atenção no emprego das verbas, para que a população possa realmente ter eventos de qualidade. O trabalho social bem feito e bem intencionado é importante, agora cada um faz de acordo com sua consciência.
Salve:
 
Primeiramente pra DEUS, sem dúvida nenhuma o responsável por tudo isso. Sem ele não teria chegado nem na metade do caminho. À toda galera que vai  sempre aos bailes da SmurphieS prestigiando e lotando todos, aos meus meninos que trabalham na SmurphieS, pois eles são os outros artistas que fazem parte do show e não aparecem, mas que fazem um papel importantíssimo. O trabalho de uma boa equipe de seguranças também ajuda  garantir  a paz e tranqüilidade para todos curtirem muito o baile.

Sabemos  que todos devemos fazer o nosso papel, onde a própria galera se torna responsável pela segurança do evento, evitando que um amigo ou qualquer outro brigue. Isso hoje em dia, graças à DEUS acontece sempre nos eventos, a galera evitando tais coisas. Agradeço ainda, meus amigos verdadeiros que são poucos, mas são os que me dão força sempre pra vencer as críticas e outras coisas que rolam por aí. Família nem conta pois ela é a base de tudo, e minha família está sempre me apoiando e participando dos meus eventos;  O resto sempre irá conseguir acertar.

Recado: 

GALERA, O BAILE FOI FEITO PRA GENTE DANÇAR E SE DIVERTIR NA PAZ,  NA BOA, NA MORAL SEM TRETAS, POIS SÓ ASSIM VAMOS VENCER O PRECONCEITO QUE EXISTE POR AÍ. FALOU EM BAILE RAP OU HIP-HOP AS COISAS MUDAM NA HORA, PAGAMOS ATÉ HOJE POR UM PASSADO QUE NÃO CONDIZ COM O QUE ROLA HOJE NOS BAILES. QUALQUER BRIGA NUM BAILE GERA UM KILO DE PROBLEMAS QUE VOCÊS NEM IMAGINAM, ENQUANTO QUE EM OUTROS TIPOS DE EVENTOS ACONTECE DE TUDO E A MÍDIA NÃO DIVULGA, MAS SE NUM BAILE ACONTECER ALGO, VIRA NOTICIÁRIO GERAL.

O BAILE DA SMUPHIES É  ZONA NEUTRA. TODAS AS DIFERENÇAS DEVEM SER DEIXADAS DE LADO, ALI É O LOCAL PARA TODOS SE DIVERTIREM SEM SE PREOCUPAR. NÃO SÓ DENTRO DO BAILE, MAS NAS REDONDEZAS TAMBÉM. QUANTO MENOS CONFUSÕES ACONTECEREM, MAIS BAILES TEREMOS. ASSIM, A RESPONSBILIDADE DO SUCESSO ESTÁ NA MÃO DE VOCÊS. E EU VEJO QUE A GALERA ESTÁ ENTENDENDO ISSO, POIS A PAZ ANDA REINANDO NOS NOSSOS BAILES. MUITO OBRIGADO MESMO A TODOS VOCÊS.

Expectativas para o ano de 2011:
 
A SMURPHIES AGORA TEM UMA RESPONSABILIDADE MAIOR JUNTO AO NOSSO PÚBLICO. ESTAREMOS MAIS PRESENTES NAS QUESTÕES DA NOSSA PERIFERIA, ESTAREMOS DESENVOLVENDO  AÇÕES SOCIAIS INCISIVAS E CONCRETAS  PARA MELHORAR A CARA DA PERIFERIA, PARA MELHORAR A VIDA DAS PESSOAS.  ESTAMOS COSTURANDO UMA PARCERIA COM O NOVO GOVERNO, ONDE QUEREMOS MAIS ESPAÇO PARA DIVULGAÇÃO DA NOSSA ARTE, DO NOSSO POVO.
             
 "A SMURPHIES EM 2011 VAI PROCURAR FAZER A DIFERENÇA."

NO MAIS, ESPERO QUE REALMENTE SEJA UMA MUDANÇA GERAL EM TODOS OS SENTIDOS, GDF NOVO, PRESIDÊNCIA NOVA. VAMOS TENTAR ACREDITAR QUE AS COISAS VÃO MUDAR. UMA COISA É CERTA, TEMOS QUE CORRER ATRÁS DAS COISAS DO MESMO JEITO, POIS ESPERAR NÃO NOS LEVA A NADA, SE VOCÊ REALMENTE QUER QUE AS COISAS MUDEM, FAÇA VOCÊ MESMO.

"2011 SERÁ UM NOVO COMEÇO, UMA NOVA OPORTUNIDADE DADA POR DEUS PRA VOCÊ. ENTÃO APROVEITE, VALEU!"









Mulheres do Hip Hop:
Jéssica Balbino



    

"Em meio a tantas armas que eles podem escolher no jogo real do “matar ou morrer”, o hip-hop escolhe a maior de todas as armas: a cultura. Uma cultura marginal, mas que não é propriedade dos grandes, não é da elite nem da burguesia. É a cultura de quem foi capaz de criá-la e levá-la adiante. É a cultura das ruas, do povo” (Jéssica Balbino)


Segue o release de uma referência jenuína no trabalho pelo Hip Hop nacional. Jéssica Balbino, é jornalista e escritora, nasceu e vive em Poços de Caldas, mas permanece antenada com o que acontece pelas periferias do Brasil. O primeiro livro foi escrito com sua parceira Anita Motta,“Hip-Hop – A Cultura Marginal”. Ela também participou da coletânea “Suburbano Convicto – Pelas Periferias do Brasil”, organizado por Alessandro Buzo em 2007.



 “Em meio a tantas armas que eles podem escolher no jogo real do “matar ou morrer”, o hip hop escolhe a maior de todas as armas: a cultura. Uma cultura marginal, mas que não é propriedade dos grandes, não é da elite nem da burguesia. É a cultura de quem foi capaz de criá-la e levá-la adiante. É a cultura das ruas, do povo”. 
Jéssica Balbino.



Jéssica Balbino é blogueira, jornalista e escritora, autora dos livros “Hip-Hop – A Cultura Marginal” (independente, 2006) e “Traficando Conhecimento (Ed. Aeroplano, 2010). Humana, sonhadora e guerreira. Atualmente, trabalha num jornal diário, ministra oficinas e workshops sobre hip-hop, literatura periférica e cultura marginal. Lançou e mantém, em Poços de Caldas, projetos como o Cultura Marginal, com realização de vários eventos e atividades voltadas à cultura da periferia, bem como o projeto Leia (Literatura Amplificada), com a distribuição de livros e cultura nas periferias da cidade. 

Faz assessoria de imprensa para projetos ligados à literatura e também para artistas do hip-hop. É também repórter do portal de notícias Central Hip-Hop/Bocada Forte e do Portal RAP Nacional, além de ser colunista do blog Literatura Periférica. Integra ainda coletivos como o Hip-Hop Mulher e Frente Nacional de Mulheres no Hip-Hop (FNMH²). Participou de publicações como o livro “Pelas Periferias do Brasil – vol. 1” (2007), “Poesias para o trabalho” (2010), “Poetas do Sarau Suburbano Convicto – Ritmo e Poesia” (Ponteio,2011) e “Pode Pá que É Nóis que Tá” (Um por Todos, 2012). Em 2011, engajou-se com o grupo Inquérito no projeto/campanha “Um Brinde”, articulando quase 200 exibições do videoclipe de mesmo nome em todo país. Ajuda a produzir o documentário sobre regionalidades do rap “Cada Canto um Rap, Cada Rap U Canto”. É correspondente da revista virtual e do portal Viva Favela, além de manter o blog www.jessicabalbino.blogspot.com. Escreve para manter-se viva e para fazer vive aquilo que a mantém.



 

- Autora dos livros: Pode Pá Que É Nóis Que Tá (Um Por Todos, 2012), Poetas do Sarau Suburbano Convicto (Ponteio, 2011), Traficando Conhecimento (Ed. Aeroplano, 2010), Hip Hop – A Cultura Marginal (2006) e Suburbano Convicto – Pelas Periferias do Brasil (2007).

- Realizadora da campanha UM BRINDE, ao lado do grupo Inquérito, com abrangência nacional e internacional e exibição de videoclipe em mais de 200 pontos.

- Assessoria de Imprensa para o Grupo Inquérito com produção de pautas, envio de material a mídia especializada e convencional, produção de clipping, atualização das redes sociais, criação de planos de divulgação especiais (2010/2011)
(www.grupoinquerito.com.br).

- Participação no livro “Hip-Hop: Dentro do Movimento” de Alessandro Buzo (2011).

- Membro do Coletivo Hip-Hop Mulher e da Frente Nacional de Mulheres no Hip-Hop.

- Integrante do projeto social Leia, com distribuição gratuita de livros a pessoas carentes em locais públicos.


REPORTAGENS:

A arte de reportar, que não se aprende na escola, nos livros, nas horas professorais. Em lugar algum. Vem de dentro para fora. Surge como um grito, uma lágrima, uma poesia, uma composição. Palavras que ganham corpo e se transformam em texto a partir das ações e dos efeitos que já produziram. Ser jornalista é entender o real significado da profissão, do que é ser cidadão e estar inserido no mundo. É mais que militar no contexto do hip-hop ou da literatura. É ajudar a construir, escrever, reportar e eternizar a nossa história, marcada por muitas afrontas, lutas e derrotas, mas, mesmo diante da sensação de impotência, sempre em busca da vitória. Aqui, neste campo, é possível clicar em algumas das reportagens que mais gostei de fazer. 

Tubarão Du Lixo, o garimpeiro das periferias
Um Adeus à Rainha do Rap
Escritor da periferia brasileira lança livro na Alemanha Twitcam: o rap entre o real e o virtual
Mães do Hip-Hop: o cotidiano das guerreiras
Foi…2011: Literatura Marginal Vestindo sons e estilos musicais
Ricardo Beatbox - O beatbox do interior de São Paulo "Hip-Hop: Dentro do Movimento" - Cultura ganha mais uma obra literária
Elo da Corrente: quatro anos de poesia do lado de lá da ponte
Elo da Corrente: Construções, problemas e resistência
Blogs impulsionam criação literária nas periferias
"Je suis favela": literatura marginal brasileira chega à França
Suburbano Convicto: Alessandro Buzo celebra 10 anos de carreira
A história das nossas vidas: por Crônica Mendes
A Rima Denuncia: a música e a poesia de GOG lançadas em livro
Literatura: Quilombo virtual
Produção refinada e atual marca novo trabalho do Inquérito
Sarau da Cooperifa comemora nove anos
Leopac - O chicote vai estralar com a rima sul-mineira
Rap com amor: lançamentos marcam o Dia dos Namorados
Shekinah Rap - "Rimas de Sangue"
MinC anuncia investimentos no hip-hop durante 2º Hip-Hop Mulher
Dia do MC: conheça como surgiu e foi parar nos TTs do Brasil
Festival #VaiSuldeMinas valoriza rap em Poços de Caldas
Vras77: uma nova forma de fazer clipes no RAP NACIONAL
Clipe Mister M é usado em oficina para moradores do Capão
Frente Nacional de Mulheres no Hip-Hop é lançada em Franco da Rocha (SP)
Batalha de Rimas revela talentos em Poços de Caldas
Negligência leva Dina Di a morte


VIVA FAVELA

Jéssica Balbino é correspondente do portal Viva Favela desde 2010. Participa das edições das revistas Viva Favela e colabora com o site, sempre atuando no campo do jornalismo cidadão, reportando os problemas da comunidade onde vive - em Poços de Caldas /MG, bem como reportando a arte, o hip-hop e a cultura das periferias. Clique aqui e tenha acesso as reportagens feitas para o Viva Favela A força do hip-hop que move o Moinho Intervenção artística, social, cultural e humana. Assim pode ser resumido – se é que existe um resumo de tudo que aconteceu na Favela do Moinho no último domingo. Realizar a cobertura do evento é bem mais do que fotografar, estar atenta a cada detalhe, gravar ou anotar entrevistas importantes ou reportar, no minuto seguinte, o que acabou de acontecer. É entender o real significado da profissão, do que é ser cidadão e estar inserido no mundo. É mais que militar no contexto do hip-hop ou da literatura. É ajudar a construir, escrever, reportar e eternizar a nossa história, marcada por muitas afrontas, lutas e derrotas, mas, mesmo diante da sensação de impotência, sempre em busca da vitória.

Mesclar a cultura popular, fazendo-a transitar por locais diferentes e improváveis é uma das tarefas mais recorrentes do hip-hop e a exemplo disso, na ultima sexta-feira (13 de janeiro), o grupo Inquérito visitou o Ponto de Cultura Caminhos, na cidade de Hortolândia, no interior de São Paulo. Clique aqui para ler a matéria completa Escritor da periferia brasileira lança livro na Alemanha A obra é um mosaico de várias histórias que abordam a problemática política e social da babilônia brasileira: a pobreza, o descaso e a violência policial. No entanto, o livro não limita-se ao “mais do mesmo”. Traz também tensões conjugais, emocionais. Tudo isso carregado de lirismo. Sem deixar de lado o cinismo.O trabalho tem prefácio de Marcelino Freire e orelha de Érica Peçanha. O projeto gráfico ficou por conta de Silvana Martins.

Clique aqui para ler a matéria completa Hip- hop como ferramenta de aprendizagem Bermuda larga, boné, tênis, camiseta e muita descontração. Assim é o professor de geografia do estudante Leansi Ettore, 16 anos, que cursa o 3º ano do Ensino Médio na cidade de Arthur Nogueira, interior de São Paulo. Depois de quase ter sido reprovado na disciplina numa outra escola – ele encontrou identificação com o professor e a matéria através da cultura hip hop. 

Morto há nove anos, ainda inspira muita gente, como é o caso de @RENAN_INQUERITO que em seu recém-lançado livro #PoucasPalavraspublicou a poesia "Respeito é pra quem tem", que foi publicada, originalmente, no jornal Ideia Quente, que o rapper fazia no início dos anos 2000. No livro, a poesia vem acompanhada de uma ilustração do graffiteiro Mundano. Clique aqui para ler a matéria completa Pacificação entre vizinhos: combate à violência no interior de Minas Gerais Conhecer cada vizinho e saber quem são os moradores de uma mesma rua se tornou uma lembrança antiga, mesmo em cidades do interior como Poços de Caldas; no entanto, um novo projeto entre a Polícia Militar e as comunidades de cada região da cidade pretende incentivar esse hábito. 

Sarau dos Mesquiteiros em Berlim – ALE presta solidariedade ao Pinheirinho Nesta quarta-feira, 25 de janeiro de 2012, a partir das 19h30h, aconteceo primeiro Sarau dos Mesquiteiros do ano. Com um "pequeno-grande" detalhe: será realizado na cidade de Berlim - Alemanha. Clique aqui para ler a matéria completa Documentário da MTV internacional tem trilha sonora de rapper cearense A canção "Batuque do Coração", do rapper nordestino Felipe Rima e faz parte da trilha sonora do documentário sobre Aids. O vídeo, batizado como "Viralistas" estreou em todo mundo no dia 1º de dezembro de 2011, quando é comemorado o Dia Mundial de Combate a Aids. 

Encontro musical de palavras Brasil – Nem mesmo o frio e a garoa da madrugada paulista o afugentam do vício. Nas costas, uma mochila pesada é a companhia para os mais de 15 quilômetros de caminhada pela zona sul de São Paulo. Essa rotina se repete toda vez que Moisés dos Santos, 30 anos, está de folga da padaria onde trabalha como pizzaiolo, e ainda de tarde, despede-se dos amigos virtuais e parte para uma maratona de ônibus e caminhadas rumo aos saraus – ou quilombo moderno.

Poços de Caldas, MG – Mesmo com dor de estômago, a adolescente Kawane Clícia Oliveira, 14 anos, não foi embora da aula. Quis aguardar a já anunciada visita da escritora Raquel de Souza para ganhar um exemplar do livro “Simplesmente Mara”. Clique aqui para ler a matéria completa Sérgio Vaz vence Prêmio Governador do Estado em três categorias São Paulo, SP - “Povo lindo, povo inteligente. É tudo nosso”. Esse é o coro, entoado , religiosamente, todas as quartas-feiras no Bar do Zé Batidão, na zona sul de São Paulo, onde acontece o Sarau da Cooperifa. Só que, nesta semana, ele foi antecipado para a terça-feira (24), quando o criador do sarau, o poeta Sérgio Vaz recebeu três troféus durante a entrega do Prêmio Governador do Estado 2011. Clique aqui para ler a matéria completa Renan Inquérito e Atitude Feminina homenageiam mulheres em videoclipe Com brincadeiras e surpresas, o vídeo mostra o respeito masculino que deve existir no hip-hop para com as mulheres que também fazem parte da cultura.

Renan Inquérito inicia turnê de lançamentos do #PoucasPalavras Após inovar, aventurar-se pelas letras e pela poesia concreta da literatura marginal e fazer um lançamento via twticam para todo Brasil, Renan Inquérito, que é poeta, rapper, compositor e geógrafo agora prepara uma turnê de lançamentos do livro #PoucasPalavrasBrasil afora. Clique aqui para ler a matéria completa Sonho ou pesadelo: casas pequenas demais e distante de tudo Poços de Caldas, MG – O sonho que virou pesadelo. Assim que alguns moradores do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) da Caixa Econômica Federal rotulam a moradia conquistada através do programa do governo. .

Mais um capítulo, inédito, foi escrito durante a tarde de hoje, na história do RAP NACIONAL. O rapper, compositor, poeta e geógrafo Renan Inquéritolançou, via twitcam, seu primeiro livro de poesias, intitulado #PoucasPalavras. Clique aqui para ler a matéria completa Rapper Preto Will sofre racismo na estação do metrô Campo Limpo O rapper e ativisita cultural Preto Will, do grupo Versão Popular e membro da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia) foi vítima de uma agressão física no final da tarde no metrô Campo Limpo – SP.

A #MUDANÇA em #PoucasPalavras. É assim mesmo, com hashtags do microblog twitter, que o grupo INQUÉRITO anuncia o próximo trabalho: um videoclipe que homenageia a atual cena literária do país. Clique aqui para ler a matéria completa Músico cearense faz trabalho de prevenção ao HIV Musicando o sentimento e poetizando a vitória, o músico, poeta e produtor Felipe Rima embarca no próximo dia 1/11 para Buenos Aires, na Argentina, onde apresenta um workshop do seu mais novo trabalho, o disco “Entre o Batuque do Coração e a Poesia da Vitória”. Clique aqui e leia a matéria completa Clipe do músico RAPadura é parte de documentário sobre Rap e regionalidade Hoje o músico nordestino RAPadura lança o videoclipe “Norte Nordeste me Veste”, com direção de Vras77, gravado em Canudos e Salvador – BA e que mostra as peculiaridades do sertão brasileiro, na mistura do coco e embolada com o ritmo e a poesia.

Cooperifa comemora 10 anos de intervenção cultural na periferia Há 10 anos surgia o sarau que se tornaria um dos mais conhecidos em todo Brasil. Dentro de um bar – Zé Batidão – no extremo sul de São Paulo, nascia a Cooperativa Cultural da Periferia (Cooperifa), um movimento que realiza saraus, distribuição de livros, debates, shows e compartilha da efervescência cultural que acontece nas quebradas paulistanas e influencia ainda os saraus e movimentos Brasil afora. Clique aqui para ler a matéria completa Zé Brown grava clipe no centro de São Paulo São Paulo, SP – De Pernambuco a São Paulo, estranhando a temperatura de pouco mais de 15ºC em pleno domingo de manhã, o músico nordestino gravou o videoclipe da música “Desafio Zé x Léo” do CD Repente Rap Repente.


RESENHAS

Além de ser jornalista cidadã, Jéssica Balbino é bastante ligada a comunicação da periferia e a toda produção que acontece às margens da sociedade. Por isso, dedica-se a ler, pesquisar e entender a produção literária. Mais do que isso, dá espaço aos autores, com uma coluna de resenhas sobre Literatura Marginal no site Central Hip-Hop. Para ler as resenhas de 2012, acesse direto os links abaixo ou vá rolando esta página. Boa leitura ! Libido em foco Ousadia marca o romance "O Hip-Hop Está Morto" Um Retrato Fiel do Morro Santa Marta Os mesmos no mundo A Rainha do Cine Roma Eu, Tu, Elas Nos ouvidos: como música Amigos? Olha, da minha parte é 100 mágoas Te Pego lá dentro Urbanidade em grafias Ferréz - Cronista de um tempo ruim "Hip-Hop: Dentro do Movimento", de Alessandro Buzo Um Retrato Fiel do Morro Santa Marta.


LITERATURA

Jéssica Balbino começou na literatura ao mesmo tempo que começou na vida. Na infância e adolescência, se refugiou nos livros, que, mais tarde, fariam parte de sua trajetória. Abaixo, um pouco da produção literária: Poetas do Sarau Suburbano Convicto - Ritmo e Poeisa (Ponteio, 2011).

O livro “Poetas do Sarau Suburbano – Ritmo e Poesia” tem curadoria do Alessandro Buzo e nasceu dos saraus realizados na Livraria Suburbano Convicto, no Bixiga, em São Paulo – SP. Com prefácio de Tubarão DuLixo, traz nomes de veteranos, de pessoas de outros saraus e de estreantes.


TRAFICANDO CONHECIMENTO (Ed. Aeroplano, 2010)
O livro conta a história de Jéssica Balbino e da sua luta e amor pelo hip-hop. O livro propõe um olhar livre de preconceitos para a periferia. Como diz a autora, o interesse pela arte e cultura plantados na infância e na juventude produz as árvores de um futuro sem massacres cotidianos. Traz no prefácio o poeta e criador da Cooperifa, Sérgio Vaz. A escritora se apropriou do elemento “conhecimento” para apresentar a cultura como instrumento de transformação em uma sociedade e valorizar a arte que parte do povo para o povo. Ela apresenta, no livro recheado de fotografias e boas histórias, a mescla da pesquisa com a vivência. A informação é um instrumento utilizado na prática por Jéssica Balbino, que fala de conhecimento com propriedade. O ato de repassar o que aprende por prazer e por vontade de vencer a transformou em uma traficante de conhecimento. Clique aqui e leia resenha do escritor Alessandro Buzo Clique aqui e leia resenha do escritor e rapper Marcão Baixada (Enraizados) Clique aqui e leia resenha do escritor e agitador cultural Bruno Veloso (Periferia Invisível).


Hip-Hop – A Cultura Marginal (Independente, 2006) 
 escrito por Anita Motta e Jéssica Balbino para o TCC do curso de Comunicação Social - Jornalismo do Unifae “Paz, amor, união e diversão”, essa é a proposta do livro Hip Hop – A Cultura Marginal, que é, o tempo todo, fiel a história do hip-hop no Brasil e no mundo. Com uma linguagem jornalística das grandes reportagens, clara, doce, dinâmica, eficiente, coloquial e informativa, marcada por histórias singulares com uma riqueza de dados surpreendente. Definitivamente é um livro que traz o retrato de uma cultura urbana, emergente das classes populares das metrópoles. Uma verdadeira aula de hip-hop, que já começa no título, nos fazendo questionar, que cultura é essa? Que marginal é esse? Esta obra contribui, inegavelmente para dar mais visibilidade a uma cultura que carrega em sua face, o olhar do preconceito, da ignorância, da desigualdade e da exclusão a partir daqueles que desconhecem, rotulam ou ignoram. Clique aqui para fazer download gratuito do livro "Hip-Hop - A Cultura Marginal".


Pelas Periferias do Brasil (Vol. 1) 

esgotado O primeiro volume de uma série até o momento com quatro edições. Lançado em 2007, reuniu 13 autores de sete Estados brasileiros sendo que Jéssica Balbino foi a única mulher de Minas Gerais a participar, integrante a obra que nesta primeira edição teve apenas duas participações femininas. Organizado por Alessandro Buzo, a proposta do livro foi a de mostrar que “periferia é periferia em qualquer lugar” e ao reunir nomes como Jéssica Balbino, GOG, Nelson Maca, Renan Inquérito, Michel da Silva, entre outros, fez história na literatura marginal brasileira, trazendo a tona grandes escritores das periferias brasileiras.








Hip-Hop: De dentro do Movimento (Alessandro Buzo, Ed. Aeroplano, 2001) 
O livro de Alessandro Buzo lançado em 2011 é mais uma parte escrita do hip-hop no Brasil, com mais de 70 entrevistas, uma delas é um depoimento de Jéssica Balbino sobre o hip-hop e o que ele representa para a periferia. Na obra, Buzo confronta a declaração otimista da jornalista com a do fundador da Central Única das Favelas (Cufa), Celso Athayde, o que confere a ela um grande peso jornalístico.








Poesias para o Trabalho (Independente, 2010)
Trabalhar nem sempre é fácil. Para a maioria dos brasileiros, a escravidão ainda é bastante presente e a senzala só mudou de nome: empresa! Por isso, o pessoal do projeto Literatura Suburbana lançou o livreto “Poesias para o Trabalho” em maio de 2010, com participações de vários autores da periferia, de muitos Estados brasileiros, entre eles, Jéssica Balbino, representando Minas Gerais.


#PoucasPalavras “Se a história é nossa, deixa que „nóis escreve (...). 

Poucas Palavras é mais um capítulo na história do hip-hop brasileiro. Retalhos de uma cultura efervescente, é mais uma obra da literatura considerada divergente, periférica, marginal. Curto, disparado e com efeito, passeia por trechos de músicas, pequenas frases, poesias concretas e poemas inéditos do MC, compositor, poeta e geógrafo Renan Inquérito. Nesta obra, Jéssica Balbino teve o papel de colaboradora, contribuindo desde a concepção do livro, o formato, o título, passando pela organização das poesias, fotografias e temas, cuidando, ainda, posteriormente, da comunicação e assessoria da obra. Clique aqui e conheça o projeto #PoucasPalavras.








ENTREVISTA COM:
Atitude Feminina

O grupo Atitude Feminina teve inicio por volta do ano 2000. O nome foi dado por Hellen, e a Aninha, a última integrante a fazer parte do grupo. Jane, Hellen, Gisa Black, Lala e Aninha, faziam parte da primeira formação. Depois a Lala saiu do grupo e na época que lançamos o CD éramos 4, mas já contando com o apoio do Wty e do Dj Raffa que eram as principais pessoas que ficavam por trás do grupo ajudando em tudo.  Em 2007, a Jane saiu junto com Wty e após algum tempo se converteram. Em 2010, Gisa se converteu também e dicidiu sair do grupo. Então, atualmente a formação é composta pela Aninha, Hellen e o Raffa nas pickupes.

Mas gostaríamos muito de ressaltar que hoje em dia, o Atitude Feminina é uma grande família de pessoas que estão por trás do grupo, trabalhando voluntariamente porque acreditam na nossa proposta e é claro, mantêm uma amizade com a gente.

Essas pessoas são: Leo Maverick, Adriana, Wty, Batata, Dj Buiu, Chuck Itaquera, Sol, Dj Raffa, Cadu, Dimitri, Gisele Santoro, Dona Santa, Nino Mix, Dj Marola e muitos outros. Sem contar as rádios comunitárias de todo Brasil que nos tocam e principalmente aqui no DF, como o DJ Marquynhos da Smurphies, Nelson Ramos, Chocolate, Hercules, Nego Gilson, Wolfgang, Fabio Corintiano e muitos outros que no momento não lembro.
    
Nossas músicas mais pedidas são: "Enterro do Neguinho" e " Rosas". Mas estamos vendo que o público já está se identificando com a nova musica "Linda", que vem tocando muito nas rádios.

 
A gravação de nosso DVD, neste ano de 2011, foi a realização de um sonho. E a expectativa é que fique pronto logo e possamos lançar ainda no segundo semestre! Foi perfeito pois conseguimos levar o Hip Hop para a Sala Vila Lobos do Teatro Nacional. Isso foi muito importante. Mas o mais importante de tudo foi mostrar para todos os "fofoqueiros" que insistiam em dizer que o Atitude Feminina não tinha mais amizade com a Jane, ter convidado ela para participar, e ainda nas últimas 3 músicas, todas as integrantes do Atitude subirem no palco e cantarem juntas. Foi uma emoção que não conseguimos descrever de tão maravilhosa. Ter todas reunidas de novo. Inclusive a Gisa na performance perfeita da música Enterro do Neguinho. E o público sentiu nossa emoção no palco e se emocionou também. Foi muito bom.
   
Sobre a cena atual do Hip Hop do DF, e os grupos de rap feminino, temos a opinião de que a Verônica já é um ícone no DF e que o rap feminino, tem crescido muito não só no DF mas em todo o Brasil. Mas ainda destacamos a Taty Beladona aqui do DF e claro não posso deixar de citar, a Jane Ex veneno.

Quanto aos shows e projetos, podemos dizer que sabíamos que nossas músicas estavam sendo ouvidas pelos 4 cantos do Brasil. Mas nunca pensamos que seria tão forte a ponto de começarmos a fazer muitos shows fora de Brasília. Podemos dizer que ese ano estamos fazendo uma turnê no Nordeste e Norte. Fizemos 3 shows em João Pessoa e vamos fazer ainda esse ano, já marcados em Teresina - Piauí, Fortaleza - Ceará, Porto Velho - Rondonia e Boa Vista - Roraíma. Também temos show marcado para Ouro Preto -  MG. Sobre os projetos, o principal é lançar o CD e o DVD esse ano.



Por: Atitude Feminina

http://www.youtube.com/watch?v=0h2f6NaEOmI -  
Link do clipe "Rosas" com mais de dois milhoes de acessos.

http://www.youtube.com/watch?v=_ojYJs34QIs
Link do clipe "Enterro do Neguinho" com quase 500mil acessos.

http://www.youtube.com/watch?v=h7DHw8xo_oc
Link com a versão curtametragem do clipe "Enterro do Neguinho".











ENTREVISTA COM:
Japão - Viela 17


Sabendo um pouco mais de Marcos Vinícios de Jesus Morais, o Japão:


Bom! Estou no Rap a cerca de 21 anos ativamente, tive o primeiro grupo chamado Esquadrão Mcs em 1989, logo mais fui convidado pelo GOG a fazer parte do grupo na qual trabalhamos até o ano de 2000, gravei com ele 4 cds, e logo a saída montei o Viela17, gravando 3 cds e ultimamente  preparando o 1o cd solo. Fiz alguns filmes como o premiadíssimo "Rap o Canto da Ceilândia", "Em Comum" para o canal Futura, e participei de alguns documentários, participei em média de 60 cds Brasil afora.

Trabalhei alguns projetos sociais, fui fundador da Cufa/DF, Membro da ONG Atittude, participei como colaborador do Falcão - Meninos do tráfico, e fiz em 2009 o projeto Rap com Ciência projeto ligado a educação na qual produzir e coordenei junto com a produtora DuRock, 1 cd com a tiragem de 10.000 cópias tratando do assunto Ciências, gravando músicas com crianças de ensino fundamental em 15 escolas do DF.

 



Atualmente estou
 
em processo de estúdio gravando meu primeiro cd solo. A produção deste cd está por conta do produtor Ariel Feitosa e direção artística de Angel Duarte, estou também na parte de edição do vídeo clipe da música "AH TAH" que foi a primeira música que disponibilizei. No clipe falo um pouco sobre meus 20 e poucos anos no rap e faço uma singela homenagem à Ceilândia minha cidade; este vídeo foi um processo e parceria com a empresa Cia do Filme e com a direção de Leandro G Moura e outros amigos.


Novos projetos:

Neste ano realizei o projeto "Roda de Rap" no Caje  e juntamente com a produtora DuRock e colabores do Caje, vamos levar este projeto ao Caje, Ciago, Cesame e Ciapi. Ainda estamos estudando e vamos executar outros projetos de cunho social que por enquanto é segredo.

Cena atual do rap do DF:

O DF é o único local Brasileiro que o movimento está a todo vapor, muitas coisas acontecem e irão acontecer ainda em 2011. Acredito que estas reuniões com vários grupos, a integração e a atitude de algumas pessoas, só deixam nosso movimento cada vez mais forte; o DF já é disparadamente o primeiro polo de Hip Hop Brasileiro.





Agradecimentos:

Queria agradecer a L. Cycy pela lembrança e a atitude de fortalecer sempre o movimento Hip Hop com toda sua equipe, que perpetue ainda mais o trabalho de vocês e fiquem à vontade de contar sempre com minha colaboração.

"Conquistas e Realizações para as comunidades, isso sim! É o real e verdadeiro Hip Hop"

Site:


Att, Japão - Rapper - VIELA 17
Coordenador de Projeto

http://www.japaoviela17.com.br/





ENTREVISTA COM:
DJ Jamaika



Quanta satisfação sentimos em poder publicar mais um pouco da história do DJ Jamaika. Artista tradicional e das antigas do DF, recebe elogios e fãs ainda por todo o Brasil. Estamos orgulhosas em poder compartilhar com vocês esta entrevista!




História no rap do DF: 

Bom, comecei a ouvir RAP em 1980 e desde então não consegui mais parar, porque o RAP impregnou nas minhas veias. Eu, como muitos outros que são da minha idade, vimos tudo acontecendo, toda a mudança de ritimos dentro da música americana, saindo da "DISCO" em 1980 e entrando na "MÚSICA ELETRÔNICA" em 1982!!! Então não me contíve e comecei a escrever. Até que em 1985 teve o 1º Encontro Hip Hop de Brasília na Boate Le Club no Gilbetinho no Lago Sul. Foi onde conheci o Kid Ventania, Souto, Luiz Sapo, X Cambio negro, Dj Leandronic, Dj Raffaelo Santoro, Toninho Pop, Elivio Blower e mais uma pancada de gente que hoje representam o movimento hip hop do DF. Através desse conhecimento foi que eu gravei meu 1º Rap que se chamava o RAP do PIOLHO que se tornou um grande HIT nos bailes em 1987. Foi o começo de tudo!!!!!

Músicas de maior sucesso:

Acredito que a música que mais fez sucesso foi "To Só Observando". É engraçado como as coisas são porque, essa música fala sobre "PEDOFILIA" e nessa época não se falava muito sobre isso, e ainda, o governo nunca nos deu ouvidos, nunca prestou atenção no Rap porque simplesmente nos intitulam como desinformados e sem cultura. E o resultado ta aê tá ligado! Assim como falávamos sobre vários tipos de drogas inclusive o "CRACK" e mesmo assim não nos escutaram, e deu no que deu!!! Pensaram que nunca iria chegar aqui no DF, mas só acordaram porque o "CRACK" entrou na casa deles!! Os filhos deles conheceram um pouco do inferno da perifería e levaram pra dentro de casa e agora vêm pedir ajuda pra quem??? Pro Rap!! Se não fosse trágico seria hilário!!!!

Dificuldades encontradas ao longo dessa trajetória:

As dificuldades são muitas, mas as maiores são criadas por nós mesmos tá ligado!!!  O Rap é a maior forma de expressão que exite no mundo mas, essa arte não esta sendo dominada da forma adequeda! Não é só porque eu tenho liberdade de expressão que posso falar qualquer coisa. O RAP é um PLANO!! E todo plano tem ser seguido à risca!!! Quando alguém erra, e, ainda mais se esse alguém estiver em evidência, todo o movimento paga pelo erro!!

Visão do DJ Jamaika, sobre a cena atual do RAP do DF? Ainda é preciso evoluir? Quais os grupos que mais se destacam atualmente.

O Rap do DF ficou estagnado durante um longo tempo e derrepente abriu os olhos e entendeu que tava ficando pra trás!!! Vários grupos novos surgiram e o rap começou a crescer novamente! O que faltava no Rap DF já chegou tá ligado!!! Markão Aborígine, 3 um Só, Tribo da Periferia e muitos outros que realmente mostraram ser capazes de continuar a SAGA DO RAP DF, tá ligado???

É preciso mais união entre os grupos?

Acredito que só com a união o RAP pode prevalecer. Hoje várias guerras caíram por terra e  conseguimos no unir. DJ JAMAIKA , GOG, REI, GUINDART 121 e TROPA DE ELITE formam o  GRUPO OU BANG: BANG BANG!! Acredito que vai dar certo e é uma grande oportunidade de outros grupos se unirem e formarem outros BANGS no DF. Pra que isso possa prosperar e ser algo muito maior do que simplesmente alguns grupos que se juntaram!!!

É necessário existir um cunho social no rap? Os grupos têm que se preocupar com a coletividade e a cidade que fazem parte?

Creio que não seria necessidade, mas que seja algo que venha naturalmente. Esse lado social é muito importante pro RAP mas deve ser feito com muita responsabilidade!!! NÓS VEMOS UM MONTÃO DE ONG´S QUE SE INTITULAM DO HIP HOP E NA VERDADE ESTÃO SÓ PRA GARANTIR O SALÁRIO MENSAL DE BOA!!! USAM O RAP, FALAM EM NOME DO RAP, DO BREAK E GRAFITTI MAS NUNCA SE ENVOLVERAM VERDADEIRAMENTE COM O MOVIMENTO!!!  ACREDITO QUE O SOCIAL NÃO É SÓ DISTRIBUIR CAMISINHA NO CARNAVAL!!!!!! SE EU ESTIVER ERRADO POR FAVOR ME CORRIJAM!!!

Há a necessidade de se preocupar com a questão do precário atendimento na nossa rede de saúde e da educação?


Então, se existe um lugar onde nunca terá investimento do governo é na SAÚDE e EDUCAÇÃO!!! Se seu filho adoecer você vai levá-lo de qualquer forma pro hospital estando bom ou ruim , quer dizer, estando RUIM como sempre!! E seu filho sempre vai precisar estar no colégio estando bom ou ruim , quer dizer estando RUIM como sempre!! A mudança está em nós e não neles! Se somos nós quem sabemos o que acontece conosco, automaticamente nós quem deveríamos estar lá na Câmara legislativa ou federal, porque nós sabemos onde o nosso sapato aperta, e eles não!!! Ou seja, "TAMO NO SAL" pois somos nós mesmos que colocamos eles lá!!! A culpa é nossa!!!

Projetos novos do DJ Jamaika:

1000 PROJETOS, MAS TODOS NA MÃO DE DEUS QUE É SOBERANO E ESTÁ ACIMA DE TUDO!!!!



# ORKUT: DJ JAMAIKA
# FACEBOOK DJJAMAIKA ALLSTAR
# MYSPACE/DJJAMAIKA
   # TWITTER DJJAMAIKA


QUANDO VC ACHAR QUE A SUA VIDA TÁ UMA MER... E VC ACHAR QUE NÃO TEM MAIS SAÍDA PROCURE A CRISTO, ELE É A SAÍDA!!! 
PAZZZZZZZ.









SARAU SAMAMBAIA POÉTICA COM INQUÉRITO
22/02/2011





Rolou nesta terça feira, dia 22 de fevereiro a 3ª edição do Sarau Samambaia Poética, uma realização do Coletivo ArtSam promovendo encontro entre poetas, rappers e repentistas.

O evento já está em sua 3ª edição e vale frisar que tal iniciativa é um exemplo do Hip Hop social, realizado no DF. O Coletivo ArtSam realiza eventos como esse há vários anos aqui em nossa cidade. Saraus, encontros, seminários, oficinas, palestras. São as mais variadas formas de difusão da cultura Hip Hop e a cultura brasileira entre os jovens do DF. 
O SITE do ArtSam está sendo produzido, e a promoção dos artistas locais é feita através do Hip Hop Essencia: http://hiphopessencia.blogspot.com/.

Na edição de terça, também aconteceu o
Lançamento do Vídeo Clipe UM BRINDE do grupo paulistano Inquérito, que falaram ao público sobre o processo de produção, carreira, e principalmente sobre a mensagem e Campanha Vamos Brindar, que chegou em 05 países.

Samambaia faz parte dos 170 pontos em todo Brasil e se junta a países como Guine Bissau, Guiné Bissau, Cuba, Portugal, além das cidades Londres e Nova York, em uma campanha de redução de danos. Apresentando a contundência e amor do trabalho do Inquérito, expondo o Clipe e as contradições e violências causadas pela indústria e consumo do álcool.


Além de Inquérito, aconteceram intervenções com Aborígine e DJ Liso - Rap e poesia, Rodrigo Misquita - MPB, Djalma Faustino - repentista, Freestyle com Tibús, B. Girl Prix, Arsenal do Gheto, Ministério Hosana e Exposição de telas com o artistas plástico HUD'.










VÍDEOS 

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